segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Últimos retoques

Essa semana, os últimos retoques mais esperados (por mim, pelo menos) foram finalizados. A pós produção das imagens e a trilha sonora. Pequenos detalhes ajustados pelo Gustavo Oliveira foram de máxima importância pra nossa tranquilidade na hora da exibição do filme. E a trilha.... ah, como a música é completa naquilo que as imagens pecam! as antecipações, as inserções, os acompanhamentos dos movimentos da Cecília aumentaram em muito as sensações que nós gostaríamos que o filme passasse. Estou cada dia mais feliz com a equipe que montamos para o Haller, pois estamos, ainda, bastante apaixonados. Estou ansiosa para que vejam e sintam tudo aquilo que tentamos expressar. e lá vamos nós, que ainda temos muito trabalho antes do carnaval!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Contagem regressiva...

Depois de umas forçadas férias, voltamos à tona com o nosso Haller. a contagem regressiva começa, para que finalizemos tudo entre o final de fevereiro e a primeira quinzena de março,no máximo.

As imagens já foram montadas por Tathiane Benz Prisco,e estão agora em processo de pós produção com o nosso querido Gustavo Oliveira. a Trilha, da criação de Felipe Lesage, passa pelos últimos processos de mixagem. o Som está sob os cuidados do nosso diretor de áudio, Leonardo Pascholati.

Estamos naquela fase gostosa de pensar em todo mundo que nos ajudou, e montar os famigerados créditos! além disso, a escolha dos festivais nacionais e internacionais se faz necessária, para a produção das cópias em dvd.

Em março, planejamos o início das distribuições das cópias pra equipe e patrocinadores, bem como sua exibição de estréia, e festa de comemoração.

Estamos mais maduros, mais experientes e mais felizes. O Haller finalmente toma sua forma final, e o nervosismo em relação à sua exibição se inicia,logicamente. a certeza de que todos deram seu máximo é grande, e o desejo de que todos vcs consigam sentir algo ao assistir ao filme, é incontrolável.

O Haller acaba tendo duas versões :uma de 40 minutos e uma de 35. oficialmente, ele se assume como um "média-metragem" , que busca fazer com que as pessoas que o assistem reflitam sobre o significado da individualidade e, do seu duplo,a vida em sociedade, a aceitação. Do morno ao gritante, Cecília tem sua concepção de "evolução". e quem se julga alheio o suficiente a tudo isso pra dizer se ela foi sensata ou não?

domingo, 7 de dezembro de 2008

e eu querendo dizer algo em palavras....

oi pessoal! vcs devem estar pensando: mas e o Haller, saiu??? Calma... estamos trabalhando nele, e prometo que em breve teremos novidades. Agora, estou imersa nos trabalhos finais da Midialogia. Estava louca pensando sobre o que iria escrever no meu trabalho final de Semiótica, e me lembrei de um querido russo chamado Fiodor Khitruk, que fazia animações com maestria e dizia tudo sem palavras. Comecei a esboçar o texto sobre duas animações dele, mas como tudo cheira a Haller, resolvi dar uma pausinha e deixar aqui pra vcs uma animação dele que se chama "Film, film, film" , que fala sobre o processo doloroso de se fazer um filme, do início ao fim. o Vídeo é dividido em duas partes, que estão aqui disponíveis. Eu ri bastante, porque me vejo tanto no roteirista perdido e dramático quanto no diretor nervoso e cardíaco. espero que gostem!







sexta-feira, 31 de outubro de 2008

já disse meu querido François Truffaut

" Vejo o filme de amanhã, portanto, ainda mais pessoal que um romance, individual e autobiográfico como uma confissão ou um diário íntimo. Isso agradará quase obrigatoriamente, pois será verdadeiro e novo.

O filme de amanhã não será realizado por funcionários da câmera,mas por artistas para quem a realização de um filme constitui uma aventura formidável e exaltante.O filme de amanhã será parecido com quem o filmou, e o número de expectadores será proporcional ao número de amigos que o cineasta possui.

O filme de amanhã será um ato de amor."

e é por isso que estamos fazendo tudo isso.

universo paralelo

Quando te disserem que a vida num set de filmagem é uma loucura, acredite: é sério. Mas como eu não sou a nossa profissionalíssima produtora Marusha, é óbvio que não vou falar de stress. A loucura pra mim foi o quanto um grupo de pessoas empenhadas e apaixonadas pelo que fazem podem fazer consigo mesmas em prol de um objetivo. Foi o quanto o sono, a fome, a enxaqueca com sintomas de fotofobia, o cansaço,a dor no corpo, a preocupação não tinham espaço nesses quatro dias. Todo mundo teve que carregar muito equipamento, todo mundo teve que correr e teve que ouvir alguma diretora gritando: ok, gente, concentra, silêncio, etc... (desculpa, gente!).
No primeiro dia, em que gravamos as cenas do escritório, da família pós créditos e as externas do ônibus e da frente da casa, foi um batizado pra mim. Consegui fazer meu primeiro plano seqüência, aprender com meus erros, e o principal: ver a Cecília pela primeira vez. Não é a mesma coisa que nos ensaios: era ela, de fato, em frente à nossa câmera, da forma como pra sempre iremos nos lembrar. Pasmem! A Cecília que dominou nossas vidas desde o começo do ano! Até quando eu e a Raíssa brigávamos, citávamos algum fato da vida da Cecília, como se fosse alguém muito conhecido e muito próximo. E lá estava ela. Tão minha, tão real, palpável e maravilhosa em seus defeitos e em sua evolução pessoal.
No segundo dia, foi mais tranqüilo do que planejávamos já que o cenário, por algumas infelicidades, não chegou para a gravação. Foi o dia das caixas, e o dia da antecipação por parte da galera da fotografia sobre as dificuldades de fazer todas as doideiras que a gente queria do plano seqüência do investigador. Foi a noite maldormida.
Na segunda, foi ótimo. Seguimos a ordem do dia, e os atores são divinérrimos. A Fabi é uma palhaça que nem eu e ríamos de tudo e de nós mesmas, principalmente. Dela, ríamos do cabelo da terceira fase. De mim, do quanto a maquiagem e um bom fotógrafo fez diferença pra foto que eu posei pra capa da revista que a Cecília lê na sala de espera. ( sim, sou eu, hehehe). O Eduardo é apaixonante. Calmo, tranqüilo, sorridente, e extremamente talentoso. Quando eles atuavam, eu sorria como o gato da Alice ao ver as cenas do jantar finalmente acontecendo.( Ah, olhando as minhas fotos de costas vocês podem entender o porquê dessa obsessão pelo gato de Cheshire, né?).
Na terça, o fatídico dia das cenas das investigações, tudo correu bem. Fizemos nossa iluminação maluca, e gravamos tudo aquilo que queríamos. Depois de apenas 17 takes, saímos comemorando, pulando e nos sentindo cinco anos mais velhas e experientes.
Quarta feira acho que dormi umas 24 horas seguidas. Mas me sentia num universo paralelo... quando cheguei em casa de madrugada, tomei banho e deitei, num mundo com muito menos watts do que eu havia me acostumado nos últimos 4 dias... me senti estranha. E feliz.
Quinta feira me lembrei que fazia faculdade. Trabalho pra segunda feira? Como ninguém me disse antes? Sim, me disseram, mas o Haller é um filho único mimado e exigente.
Hoje de manhã (sexta feira), gravamos as cenas do mendigo. Foi imensamente divertido, pois gravamos no centro de Campinas, no calçadão da Treze de maio. As pessoas passavam e não entendiam aquele louco vestido de príncipe falando uma língua esquisita e aquela moça de Sobretudo ( debaixo de um sol de 30 graus) e batom vermelho. Mas chamaram tanto a atenção que a câmera passou desapercebida. O Haller oficialmente termina suas gravações. E quando a Fernanda foi embora, fiquei super triste porque ela além de MUITO talentosa, é muito tranqüila e totalmente firme na hora de trabalhar. Ela fez a Cecília que desejávamos, e nunca vamos poder agradecer o suficiente por isso.
Nesses quatro dias, percebi o quanto não estava sozinha. Vi como se pode chegar longe quando se tem amigos. Sinto que dificilmente vou ter uma equipe tão solidária, solícita, profissional e apaixonada como esta. Nunca seria possível termos tanta organização e profissionalismo se não tivéssemos a Marusha ( que pra mim, é Deus no céu e Maru na Terra, nos dando bronca e nos colocando na linha). A equipe da arte que bolou toda a proposta com total liberdade de criação e que em matéria nenhuma nos desapontou. A equipe da elétrica, que tava sempre ali e fazia tudo o que era preciso, sem problematizar nada. A equipe do som, os meninos mais calmos, detalhistas e engraçados do mundo. A produção de set, que segurou todos os imprevistos que apareciam,a Stellinha da continuidade, super fofa sempre, Carol do making off sempre calma e agradável.... e todos os assistentes, que deixavam tudo mais engraçado e leve.
E todo mundo fica rindo da pobrezinha da Raíssa só porque ela ligou pra uma pessoa que estava na casa dela junto com ela, mas tenho mais de uma testemunha que pode afirmar que todo mundo deu uma surtada maluca durante as gravações. Eu mesma mandava uma pessoa fazer a mesma coisa mil vezes, a Juliana ( produtora de arte) chutou o copo da cena final umas três vezes, o Léo ( diretor de som) esquecia da vida e ficava conversando com o ator depois que arrumava o lapela....
Foi duro. Mas aconteceu e eu não sou mais a mesma depois de tudo isso. Obrigado a todos que nos ajudaram a tornar o Haller possível, e desculpas à equipe os momentos de nervosismo e tensão. Nunca vou conseguir agradecer a todos pelo que possibilitaram ao nosso curta metragem.
Entendi o que as pessoas dizem com “dar valor às coisas pequenas”. Quando eu sentava pra comer minha marmita ou meu lanche (valeu patrocinadores!), era o céu. Quando eu tinha dez minutos enquanto os atores maquiavam pra sentar com a Raíssa e fumar uma cigarrilha ( Haller, of course, hehehe), era o céu. Quando eu deitava no colchão da casa dela pra dormir 4 horas, era o céu. E percebi o quanto prazeres infantis ficam saborosos quando estamos ocupados e responsáveis com um projeto tão grande: a desprodução da cena das caixas foi super divertida, me lembrei de quando tinha 5 anos e brincava com qualquer porcaria no quintal da casa da minha vó. O quanto um erro de fala, embora desesperador, pode ser hilário, e vi que a vida pode ser trabalhosa e feliz ao mesmo tempo, como nesses dias de filmagem.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Quarto dia de gravação - fotos







Quarto dia de gravação



Dois atores. Dois períodos. Somente mais duas seqüências faltantes.
Acho que o resumo de hoje poderia girar entre números... e sensações...



Hoje nosso cronograma era mais apertado que o normal (e olha que nos últimos dias não andava tão tranqüilo assim!), tínhamos 2 períodos com 2 atores; duas refeições; muito figurino, maquiagem e cabelo. Isso nos ocupou a manhã e a tarde, entrando um pouco na noite. Tivemos, por mais incrível do que isso possa parecer, uma "ordem do dia" seguida praticamente à risca, pelo menos nos dois períodos em que estive no set...

Hoje tínhamos cenas complicadas a serem gravadas, com plano seqüência com o maior número de variável possível de erro... e acredito que todos eles foram testados.
Foram 17 takes para que o plano conseguisse acontecer como pensado pelas roteiristas e diretoras. 17 takes! É muita coisa... o desespero da equipe teve grandes níveis nessas tentativas: alguns cronometravam o relógio pensando em não extrapolar o limite de tempo; outros observavam freneticamente a quantidade de fita gasta, surtando horrores que elas podiam acabar; outros para descontrair começaram um "bolão" para adivinhar quantas vezes rodaríamos a cena (teoricamente tivemos um empate técnico: uma pessoa chutou 16 e outra 18... ficamos sem o campeão mesmo, não que isso tenha sido importante, mas deu um tom mais leve a toda tensão do set...).

As outras cenas foram bem tranqüilas, não demorando muito para serem rodadas, e consequentemente pondo em ordem nosso atraso.
Acabamos as gravações, de novo, no horário previsto (parabéns àqueles que organizaram a "ordem do dia") e isso nos deu, mais do que nunca a sensação de dever cumprido.

Agora à noite está sendo rodada a cena do bar, a qual por ocorrer em um ambiente pequeno, com muitos atores, gerou uma redução na equipe... e é por isso que estou em casa enquanto uma parte do pessoal está lá gravando...
Segundo o horário previsto, em torno de 10 min (o que dá 0h30) o pessoal deve estar acabando a gravação, então entram a desprodução e o transporte dos equipamentos.
Feita essa cena, só falta uma sequencia, que gravaremos na sexta-feira de manhã...

Como disse a Lilian hoje mais cedo: "e nosso filho toma corpo"...

Amanhã devo escrever alguma coisa da cena noturna... Mas o destaque mesmo vai para as diretoras, que farão um depoimento sobre esse estilo de vida que tivemos nos últimos 4 dias...

Que venha a última cena, a trilha sonora, e a edição... e que esse projeto consiga, enfim, caminhar com as próprias pernas e alçar vôos...



terça-feira, 28 de outubro de 2008

Terceiro dia de gravação

Dia estranho...
A maior oscilação entre o "fazer" e o "não fazer"...
O maior paradoxo do atraso e do adiantamento...
O dia mais estranhamente calmo...


Parece que os posts do blog sempre tendem às reclamações, e hoje eu queria fazer diferente: dar um panorama do que deu certo!
Não sei se consigo, porque tenho sempre em mente que são apontando os erros que conseguimos melhorar e produzir muito melhor no dia seguinte. É por isso que sempre proponho uma reunião no fim do dia, para fazermos os balanços, elogiando e propondo soluções para os problemas.

Como eu disse acima, hoje foi um dia atípico, talvez porque eu tenha abdicado da minha função para ajudar outra área que estava precisando; talvez porque tenha sido estranho mesmo... talvez porque tenhamos sentido que mais da metade das cenas estava gravada, e que de fato o curta estava acontecendo... é muito talvez para ser indagado, mas nem vale a pena a gente ficar questionando isso...


O dia começou muito atribulado, já que tivemos em problema de comunicação (eu ainda proponho mais ênfase no estudo da mensagem, receptor e emissor nesse curso de Midialogia, mas enfim, isso não cabe discutir aqui...). De repente estávamos todos no set de filmagem, imensamente atrasados com o horário, com um milhão de "comidas de cena" a serem preparadas, luzes a serem arrumadas, atores a serem maquiados... enfim, o mais puro momento de caos...
De repente (sim, repito a palavra porque foi do nada, estranho...) parece que as coisas foram encontrando sua ordem... e, quando vimos tudo parecia que caminhava tranquilo.
O almoço até atrasou, mas o período da tarde foi tão calmo que isso não chegou a influenciar em nada... estranho... As gravações a tarde foram muito rápidas, e terminamos com um pouco mais de uma hora de antecedencia. Aproveitamos, então, para comemorar os aniversários do pessoal da equipe e ator que aconteceram nesses dias de gravação e hoje; e mesmo com essa festinha tivemos tempo sobrando de ir para nossas casas descansar por alguns momentos e, depois, voltar a gravar.

Agora a noite já não foi tão simples. Mas mesmo com "N" dificuldades conseguimos terminar no horário cravado da "ordem do dia".



Falta tão pouco para o fim, e ao mesmo tempo tanto...

Amanhã é o último dessa jornada... ou sexta, ou sábado próximo faremos a cena que foi inviabilizada pelo problema que eu mencionei no primeiro dia...



Acho que não há nada melhor do que encerrar esse post e esse dia afirmando que nosso terceiro dia de gravação foi o dia do paradoxo.

domingo, 26 de outubro de 2008

Segundo dia de gravação - Fotos da equipe

Nos intervalos das gravações, nada melhor do que descontrair...






Segundo dia de gravação

Agora o relógio marca 23h09, e eu cheguei em casa faz pouco.
Para parte da equipe chegamos ao fim de mais um dia de gravação, mas parte dela ainda continua no estúdio do DMM (Departamento de Multimeios, Mídia e Comunicação - IA/UNICAMP) ensaiando e arrumando coisas para a terça-feira...

Antes de descrever o dia de hoje, gostaria de situar o fim da noite de ontem: os planos desse período foram tranquilos de serem realizados. Acabada a chuva, a gente já tinha posicionado todo mundo (equipe e atores) e demos início aos planos finais; as gravações fluiram muito tranquilamente e encerramos no horário previsto.

Desproduzimos o set, e fizemos uma reunião emergencial com os diretores de cada área (Fotografia, produção, arte e diretor geral): citamos os erros e propomos uma solução.
Todos conversados, fomos para casa descansar para o dia seguinte.

Hoje o dia começou cedo para alguns, e mais tarde para outros, tinhamos intenção de não desgastar aqueles que perdurariam madrugada a dentro.


Não havia muita cena a ser gravada, dado o problema que situei ontem dos objetos de cena, mas a pré-produção do set de filmagem era bem trabalhosa: montamos um multirão para encapar caixas (visando não veicular nenhuma marca) e fazer o cenário. Mais tarde o pessoal da arte chegou e montou sua parte no set, em seguida o pessoal da fotografia e som fez seu trabalho, enquanto a arte produzia a atriz.
Gravamos os planos tranquilamente e desproduzimos o set, checamos cada equipamentos e os levamos de volta para nosso QG.


O pessoal da fotografia e elétrica ficou no DMM como eu disse antes. Eles continuam lá pois, o cronograma da terça-feira está apertadao devido às modificações necessárias, e não teremos tempo de ensaiar a cena e fazer as marcações; melhor fazer isso hoje...


O saldo do dia podemos dizer que só teve de ruim um fator externo à nossa produção (isso para não perder o hábito de mostrar que sempre tem alguma coisa ruim): o calor, que aumenta em nível altíssimo quando acesas as luzes do set de filmagem. De resto tudo na mais plena ordem.(o que é o calor, quando equipe, atriz, planos e todo resto estão certos?!) .
Descansemos então para os próximos longos dias.

Primeiro dia de gravação - Fotos







Fotos das sequências ocorridas à tarde e à noite.

Plano do sapato!

No primeiro post sobre a arte eu comentei que é dever da arte saber que nem sempre tudo que é planejado entra em cena. Alguns detalhes tão imaginados e adorados às vezes não ganham o merecido destaque, e na pior das hipóteses, nem mesmo aparecem. No primeiro dia de gravações do Haller aconteceu um caso que vale a pena comentar.

Uma semana antes das gravações nós fizemos alguns ensaios nas locações, um deles se passava em um escritório, e a primeira coisa que pensei quando vi o local foi "mas como eu vou fazer esse lugar entrar na proposta de arte?". Para a minha alegria e de toda a equipe, a produção de arte conseguiu um patrocínio com uma papelaria e conseguimos muitos objetos cenas para todas as seqüências, mas ainda estava faltando alguma coisa para completar todo o quadro, então pensei, pensei e pensei até que tive a idéia de um pequeno vaso de flores, para aparecer em todas as seqüências dessa locação. Perguntei para a Raissa umas trinta e sete vezes se ela achava que rolava ou não, até que por cansaço (acredito eu) a convenci de que iria ser legal colocar o tal vasinho. Na sexta, véspera de gravação, coloquei na lista das n coisas a serem feitas a compra de vasinhos para serem colocados em cena, e todos eles pareceram se encaixar perfeitamente no contexto geral das seqüências.

Chegamos então no dia de gravação. Primeira seqüência, vaso ok. Segunda seqüência, vaso ok. Terceira seqüência... ah! Mas não mostrou o vaso... Fiquei por um momento triste, mas logo me lembrei que não devemos cobrar "planos dos sapatos" e que deveria desencanar desses pequenos detalhes. Mas não tem problema, são acontecimentos infelizes com os quais devemos aprender a lidar. O que importa é que o conjunto da obra das seqüências ficou lindo, ficou perfeito.

sábado, 25 de outubro de 2008

Primeiro dia de gravação



"Leo, tá chovendo!" - Marusha há poucos minutos para Leo.

"Leo, onde você está? Tá na minha casa?!" - Raissa em sua própria casa ligando para Leo.

"E agora?!" - Equipe da direção e produção.


Que dia!!!
Parecia que nunca ia ter fim... parece que tudo deu certo (e ao mesmo tempo errado)... parece...


Num dia que teve a manhã mais conturbada do mundo, uma tarde relativamente tranquila, e uma noite que, a que tudo indica, vai ser longa e desesperadora, podemos dizer que o dia valeu a pena.


Começamos com uma mini crise: uma parte da equipe chegou à locação, mas a diretora (uma delas) e equipamentos não... O que fazer?
Os atores chegaram e nossos equipamentos ainda não se faziam presentes...
Meu Deus!!! Isso não podia estar acontecendo!
A direção chega correndo, os equipamentos mobilizam a equipe toda para serem descarregados e montados... a produção "distrai" os atores com assinatura de liberação de imagem; a arte começa a arrumá-los, e assim conseguimos (com mais de uma hora de atraso) iniciar as gravações... UFA! Parecia que isso nunca ia acontecer...


O clima das filmagens, eram ao menos descontraídos e animados... apesar do nosso atraso...
O almoço que deveria acontecer 13h30 acabou se arrastando para as 15h... e por pouco não perdemos nosso patrocínio em almoço... mas ocorreu tudo bem...
Graças a um erro de planejamento (esquecemos que estamos no horário de verão e, por isso, escurece mais tarde), não tivemos problemas com o atraso, já que tivemos que passar para uma hora mais tarde o horário da gravação do entardecer.
É, enfim parece que tudo dá certo.



Na desprodução, contudo, pareceu que as coisas iam começar a dar errado... e, então surgiram as frases desesperadas:

"E agora?!" - Equipe da direção e produção.

O seginte aconteceu: estávamos na nossa locação da manhã, pós almoço, juntando equipamentos, objetos de cena, figurinos, maquiagem... poxa, parecia que aquilo não ia ter fim...
Em meio a arrumações, "check list" e deslocamento do material para o carro recebemos um telefonema: era Juliana, nossa produtora de arte nos ligando dizendo que não seria possível pegar alguns objetos de cena para a gravação do dia seguinte...
Por um momento pareceu que tudo ia acabar ali, naquele momento... que nada mais daria certo... mas foi só por um momento.
A Raissa anunciou no telefone pra Ju que flaria comigo (Marusha), Lilian e Katharine e resolveríamos um "Plano B"... depois de alguns "E agora?!", conseguimos nos concentrar e elaborar uma nova forma de fazer as gravações: mudaremos toda a ordem de gravação e somente uma cena não consegurirá ser realizada no feriado, mas provavelmente na 4ª ou 5ª feira dessa mesma semana... mesmo que isso implique em pouco sono ("tá vendo" porque a gente insistiu tanto nisso nesse blog?!).
Organizado isso (descontando nossa loucura instânea, muio bem representada pela Rá ao ligar de sua própria casa para o nosso diretor de som, que nela se encontrava), gravamos uma cena que seria do dia seguinte, mas foi remanejada; e a que ocorreria nesse momento mesmo.



Paramos para o jantar, e nesse meio tempo de produzir o novo set e se alimentar eis que surge a nova frase: "Leo, tá chovendo!". Pronto, agora sim parecia que não teria mais como... se perdessemos mais uma cena de ser gravada teríamos que nos desdobrar loucamente para dar conta desse curta metragem... mas, talvez pelo cansaço, talvez pelo puro racionalismo não tivemos um momento de surto coletivo. Nos concentramos em adiantar tudo que podíamos, checar na internet a previsão do tempo... ficamos alguns minutos ociosos, é verdade, mas nesse momento, enquanto faço esse relatório de produção, bem aqui na sala ao lado a equipe grava as últimas cenas de hoje.




E assim caminha para o fim o nosso dia.

Com a satisfação do dever cumprido vamos encerrar com uma reunião o primeiro dia de gravação. É esperar que os próximos dias sejam bons como hoje, e se possível, melhores...

Raissa e Lilian, as diretoras

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Um relato da produção de set...

Muitos "Ah, já ajudamos demais esse mês, sabe como é neh, é o das crianças..." e "Deixa seu telefone e proposta que eu te retorno, querida, é pra um filme, neh?" ouvi numa manhã em que fazia um sol de lascar e às vezes chuviscava (??!nunca vou entender o clima de Campinas...); depois de uma manhã inteira parecia que os "nãos" tinham sugado minha alma... foi uma correria para conseguir patrocínio de alimentação para os 4 dias de gravação do “Haller” (aprox. 20 pessoas, dentre atores e equipe, todos os dias). Graças a Deus, não foi somente uma manhã, e os "sims" começaram a brotar, SUGERINDO que, pedindo muitos apoios e negociando bastaaaante, conseguiríamos almoço e lanche para todos.

Outra sugestão: alguns apoiadores estão desiludidos. Sim, não confiam em universitários que pedem ajuda enquanto precisam produzir, e que quando conseguem, somem. Sequer mostram o produto final ao patrocinador ou a sua marca num cartaz de divulgação... prometem inscrever o projeto em vários espaços e mostras – visibilidade dentre outros alunos da Unicamp e o público das redondezas – no entanto, muitas vezes estão preocupados somente com a nota da disciplina (do curso) que os motivou. Mesmo.


O Haller desde o começo foi diferente: trabalhamos todos os dias em mais algum detalhe de produção, acreditamos na idéia e queremos que ela ACONTEÇA em todas as telas, festivais, mostras, cartazes, eventos, conversas no bandejão...

Atrevendo-se a carregar um projeto extracurricular, assumimos o peso de uma porção de burocracias extra, e também a necessidade de pedir apoio "a torto e a direito" e de “vender a alma”, se preciso!

Com a coragem de divulgar sua imagem por toda a universidade enquanto ele ainda engatinhava, de mobilizar atores, amigos, familiares, artistas e entusiastas (!!!) tentamos realizar uma festa para conseguir grana para o curta... a festa não aconteceu, mas o tanto de gente que ouviu falar nesse tal de "Haller", que se interessou pelo roteiro e que passou a torcer para que ele seja gravado só cresceu... independentemente (e às vezes em razão) da ação do ministério público!

O curta decidiu se expor, ele rasgou a “bolha”, porque parecia o melhor jeito de captar recursos... quando isso acontece mais gente aponta os erros e o caminho fica mais claro pra quem quer nos quer prejudicar ou favorecer outros interesses... por outro lado, mais gente aprende com esses erros. Alguns surpreendentemente oferecem uma mão, se mobilizam ou motivam-se a assumir alternativas – sem experiência prévia alguma -, aceitando o desafio, acolhendo o inesperado, só pela POSSIBILIDADE de ter sucesso, e... conseguindo.

Talvez não contássemos com o impacto perigoso (e meio ofuscante...) de se expor, talvez não contássemos com todo o apoio que conseguimos (ou nem tenhamos absorvido o quão isso é bom...) mas aprendemos muito. Sobre os limites de cada um, sobre o comprometimento dessa equipe.

O gerente de um grande restaurante fez questão de me olhar sério, me fazendo prometer que cumpriria a contrapartida. Seria a última chance que ele daria para "esse pessoal do audiovisual que não retorna nada", decidido a não “quebrar a cara” com os sócios novamente...

Ele já acompanha este blog... e não só ele! Amigos de outros cursos me perguntam “Como está o trabalho no Haller? Estão se esforçando bastante, neh? Nem sabia que a Midialogia produzia para as pessoas conhecerem...", por descobrirem, por acaso, que eu estava na lista da equipe.

Os atores passam a ser "azucrinados" mais vezes durante a semana para mais um ensaio, ou uma nova prova de figurino... e a emprestar o carro, desmarcar compromissos, gravar em dia de aniversário, sugerir estratégias de temas pra as festas, gritar “A produção do curta 'Haller' ficou maluca: é mulher gelada, cerveja bonita e homem a R$1,50, é a 'Haller Fest'!” na saída do bandejão, bolar cenas para os "extras" com piadas internas... Intimidade essa, que surge quando a gente SENTE a idéia e não somente o canal por onde ela flue intacta...

E perto das gravações cada detalhe é crucial: a reserva das locações e de equipamento (autorizações!), a organização dos materiais da arte, o estudo minucioso dos horários de chegada dos atores e equipe, bem como da alimentação e transporte para tudo isso!

Há poucos dias parecia um emaranhado imenso de coisas que PRECISAVAM de um jeito mágico para combinarem: cada indisponibilidade acarretava mudanças nos planos...

Horas antes das gravações parece haver um pouco mais de segurança; numa teia cuidadosamente construída por várias mãos e abençoados encontros de possibilidades...


e que venham os próximos 4 dias!



Katharine Diniz

Produção de Set

1 dia

Nunca imaginei que fosse chegar viva à essa semana, no entanto, após muitas adversidades e muita gastrite (não no meu caso), aqui estamos. Nesse blog, eu sou aquela que sempre posta os textos mais dramáticos, menos pé no chão. Mas agora, à essa altura do campeonato, a única coisa que me dá vontade de fazer é sentar e falar francamente com todo mundo.

Passadas as expectativas e os sonhos da época em que pensávamos o argumento, os devaneios e a empolgação do desenvolvimento do roteiro, os planos, tabelas e cronogramas do início da produção, o estresse e as correrias de toda a pré-produção, só o que nos resta é respirar fundo antes do mergulho.

Um dia alguém me disse: “Não importa o quanto você faça planos, nunca sai exatamente do jeito que você queria, e se você não tomar consciência disso logo, você nunca vai chegar a lugar algum e nem vai aproveitar o processo de realizar os seus projetos”. Na hora me pareceu a coisa mais banal de se dizer, mas não havia nada mais crucial do que isso para ser dito agora, e não por que nada está correndo como nós planejávamos, mas por que, devido a algumas poucas coisas que tiveram de ser repensadas, eu não havia enxergado tudo o que foi conseguido até agora, a forma como as coisas estão estranhamente tranqüilas dois dias antes de gravar e a dedicação irrepreensível da equipe que faz sentir que é a maior bobagem do mundo chamar o Haller de um “projeto individual”. Agora que eu posso ver tudo isso...não há muito mais pra se dizer, que venha a gravação.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Meu Deus! Quantas roupas espalhadas na minha casa

Já faz um tempo que estamos na busca por figurinos para todas aquelas personagens. Peguei roupas na minha casa, assaltei o guarda-roupa da minha irmã que está viajando na África; outras pessoas do Haller fizeram o mesmo também, depenamos muitas casas para compor a nossa arte. Nem o laboratório de figurinos do Departamento de Artes Cênicas da Unicamp escapou! Hoje mesmo fui até o centro de Campinas buscar em brechós pelas peças que faltavam. Agora estou aqui na minha sala, escrevendo este post e para todo lado que vejo têm pilhas e mais pilhas de roupas. Ainda bem que temos patrocinadores, pois senão teria que comprar mais roupas ainda ou sair pedindo emprestado desesperadamente. Amanhã tem uma prova de figurino em uma loja, e na segunda tem em outra; os figurinos estão se encaminhando...

Mas não só de figurinos é feito um curta, precisamos de cenários também. Mas não se preocupem que eles estão se encaminhando também, objetos foram trazidos de São Paulo, de um patrocinador, e outros serão arranjados com outros patrocinadores daqui de Barão Geraldo; e é claro, algumas coisas da minha casa, da casa dos outros, de todo mundo.

Não vou mentir... está uma correria. A cada minuto eu me lembro de algum detalhe que precisa ser urgentemente resolvido, mas tudo está se encaminhando e estou confiante de que a arte vai dar certo sim. A assistência de direção não vai gostar muito, pois talvez a arte cause alguns atrasos, mas fazer o que neh.... tudo pelo curta, tudo pelo Haller.

Você já ouviu falar da teoria do gato?

AMIGO: Ciça, você já ouviu falar da teoria do gato?

CECÍLIA: Não. (Desinteressada)

(trecho do curta metragem Haller.).


Coloca-se dentro de uma caixa: um gato, um átomo radioativo, um contador Geiger, um martelo e uma garrafa de gás venenoso. Todo este aparato compõe uma armadilha e o tal bichano será sua principal vítima. É uma simples reação em cadeia.
A teoria quântica nos diz que o material radioativo tem 50% de chances de ativar o contador Geiger. Este, por sua vez, assim que ativado, liberaria o martelo para que a garrafa contendo veneno fosse quebrada. Uma vez quebrada a garrafa, o gato irremediavelmente morreria.
No entanto, existem outros 50% de chances que nos levam a um caminho completamente inverso. O átomo não ativaria o contador e este não liberaria o martelo. A garrafa com o gás venenoso não se quebraria e, por esse motivo, o gato continuaria vivo.
(Este é o experimento de Erwin Rudolf Josef Alexander Schrödinger, prêmio Nobel de 1933).

Esta experiência é a demonstração do pensamento científico, e apresenta a necessidade da observação para que o fato ocorra realmente. Da mesma forma, um lenço vermelho só tem essa cor quando o observamos, e a luz refletida pode entrar em nossos olhos e ser, de fato, vermelha. O Gato de Schoringer, como está dentro da caixa, não pode ser visto. Então tudo o que resta aos pesquisadores é a estatística, a probabilidade. Enquanto não se pode abrir a caixa para se saber a “verdade” sobre o pobre gato, não se pode concluir nada além de que ele está tanto vivo quanto morto.
Ainda sobre o átomo dentro da caixa, ele muda rapidamente do estado integrado para o desintegrado. Quando um pesquisador decide saber qual o estado do átomo, ele toma uma forma, naquele e tão somente naquele momento: desintegrado ou integrado. Ele pode mudar de estado no próximo milionésimo de segundo, mas o que interessa ao cientista é o estado no primeiro momento possível depois da observação. Enquanto ele não descobre, o átomo ainda está possivelmente nos dois estados. E mais: quando o pesquisador consegue perceber qualquer um dos dois estados, a outra possibilidade é dizimada. O átomo, que antes era coberto de possibilidades, passa a estar, a partir daquele momento, no estado em que o cientista o descobriu.
Assim ocorre com Cecília: ela começa cheia de possibilidades e dúvidas sobre si mesma. Ela começa como uma incógnita, mas quando observada pelo investigador, passa a assumir tão somente a forma que foi conveniente a ele, segundo suas conclusões profissionais e confiáveis por parte da sociedade. Enfim, ela deixa de ser um átomo com diversas possibilidades e passa a ser um átomo catalogado e definido.

O gato de Cheshire, sorridente bichano do livro “Alice’s adventures in Wonderland” de Lewis Carroll, é por si só uma crítica a este pensamento positivista. Quando perguntado por Alice como saberia ser ele próprio um louco, o Gato responde:
“Para começar, um cachorro não é louco. Admite isto?”.
E Alice concorda:
“Suponho que sim”.
E o Gato:
“Bem, então, veja só: um cachorro rosna quando está bravo, e balança o rabo quando está satisfeito. Agora, eu rosno quando estou satisfeito e balanço o rabo quando estou bravo. Portanto, sou louco”.
Ou seja, o próprio gato elabora uma teoria sobre si mesmo, utilizando-se da lógica, e ao constatarmos a tortuosidade do nexo de sua fala, entendemos que as conclusões científicas das mais respeitosas autoridades podem ser altamente duvidosas.

Além disso, o gato de Cheshire diversas vezes é capaz de sumir e deixar apenas o seu sorriso. Alice fica espantada com essa capacidade:
“Bem, eu já vi algumas vezes um gato seu um sorriso (...), mas um sorriso sem um gato?! Esta é a coisa mais curiosa que já vi em toda a minha vida!”
Seria possível, então, que um predicado acontecesse sem um sujeito? Que um sorriso existisse sozinho, apenas esperando que alguém o colha, e o incorpore? Essa discussão serviu por anos e ainda serve à matemática pura. Mas nós, com o Haller, levamos esta questão a um nível mais prático e mais cotidiano: seria possível que predicados como promíscuo, bonito, criminoso, inteligente, trabalhador estejam pairando na atmosfera esperando apenas que os indivíduos o englobem para si? Será que, ao invés de realizar uma busca interior e descobrir o que se tem de verdadeiro, as pessoas procuram a si mesmas no ambiente externo, talvez em revistas, propagandas, documentários, filmes e reportagens?
Perdida no país das maravilhas, Alice diz ao Gato de Cheshire:
“Você poderia me dizer, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?”.
“Isto depende bastante de onde você quer chegar (...)”.
“Eu não me importo muito com isso (...)”.
“Então não importa muito que caminho você irá tomar.”

Cecília, então, toma o caminho que se apresentou a ela através de todos os “sinais” que ela interiorizou e apropriou-se, colhendo seus predicados ao longo do caminho, e descobriu sua própria verdade. Assim como o fez o investigador. Desde que todos sintam que está tudo resolvido, ótimo. Desde que todos tenham a mesma conclusão a respeito do gato na caixa preta, tudo está perfeitamente em harmonia. Desde que alguém seja responsabilizado por um crime, e seja punido por isso, o sistema funciona.

“Mas ainda bem que ela foi presa!”

(Mãe preocupada assistindo ao jornal do canal 12. Cena do curta metragem Haller).




domingo, 12 de outubro de 2008

Esclarecimentos sobre o "Haller Fest"

Estamos vindo a público para expor o ocorrido na noite de 08 de Outubro de 2008, de modo a não podermos realizar nossa festa (Haller Fest) de arrecadação de dinheiro para a realização do curta-metragem.


Como mencionado na postagem anterior, estávamos bem empenhados em divulgar a festa, pois precisávamos de verdade do dinheiro em questão, além disso, a festa fazia parte de um acordo com alguns de nossos patrocinadores.

Na noite de 08 de Outubro de 2008, em torno das 21h30, fomos informados de que, por razão das reclamações dos moradores de Barão Geraldo, o evento foi denunciado ao ministério público e deveria ser cancelado. O ministério público, em contato com a Reitoria do Campus, foi informado de que, em caso de intervenção da polícia, a reitoria não se manifestaria, mesmo sendo a Universidade um espaço público onde, desde a ditadura militar, a entrada da polícia não é permitida para que assim pudéssemos ter um espaço de manifestações livre de represálias. Não nos cabe aqui discutir as razões pelas quais a Universidade abriu mão destes direitos, mas de qualquer forma, a Haller Fest foi impedida de acontecer. Num momento único e preocupante da Universidade Pública Brasileira, em que nossos direitos tão duramente conseguidos estão agora sendo descartados, a equipe do curta Haller relutantemente decidiu não realizar a festa, e recolocar a festa para um outro local, num próximo dia, e lidar com os prejuízos da melhor maneira possível.

De forma alguma o acontecido irá prejudicar nosso trabalho e nossos esforços para a realização do curta que mantém seus prazos e suas expectativas.


Tornamos público o nosso pedido de desculpas àqueles que nos ajudaram desde o princípio na realização do evento; àqueles que sairam de suas casas e não puderam "curtir festa"; e, principalmente, aos nossos patrocinadores a quem firmamos acordo e fomos impedidos de cumprir. Nos desculpem sinceramente.

Para o pessoal que foi curtir a festa, gostariamos de informar que outras festas serão realizadas tanto para cubrir os prejuizos quanto para arrecadar fundos para o curta, proposito inicial da festa impedida.

Agradecemos, por último, àqueles que nos ajudaram; àqueles que compreenderam nossa situação e não nos cobraram ou nos deram abatimento; e àqueles que nos apoiaram de princípio ao fim.

Equipe do Curta "Haller"

Ana Carolina Abreu de Campos

Anna Leticia Pereira de Carvalho

Bruno Henrique de Paula

Camila Volponi Pizziolo

Gustavo de Oliveira

Juliana Closel Miraldi

Katharine Rafaela Diniz Nunes

Leonardo Pascholati do Amaral

Lilian Cristina dos Santos

Myung Hwa Baldini

Luciano Evangelista Barbosa

Marusha Loraine Marcello

Mateus Pavan de Moura Leite

Paulo Victor Bortolini Gomes da Motta

Pedro Ivo Carvalho

Raíssa Haydê Koshiyama de Freitas

Stella Marina Yurí Hiroki

Thatiane Benz Pisco

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Produção: a crise dos 51 dias e novidades

Aqui vamos nós a mais um post da produção...

E que este traga melhores frutos que o anterior...

Já explico.

Mas antes vale fazer pequenas pontuações: o post da produção por essência é sempre aquele mais chato, aquele que se lê por não encontrar nada melhor pra fazer; aquele que se lê pra terminar dizendo "O quê?! Pra que toda essa lista de coisas?!"; aquele que se lê pra ver uma equipe em desespero [e que desespero!]; aquele que se lê e diz "Poxa, mas será que alguma coisa vai dar certo? será que esse curta sai ou não?"; aquele que se lê e se conclui "é, nunca vou fazer produção na vida"...

A razão por este post ser sempre o menos empolgante [pra usar um eufemismo, já que "o mais chato" pega mal], é porque ele, ao contrário dos demais [arte, fotografia, roteiro, direção...], sai do campo das idéias e situa a equipe e o projeto na realidade: é o post do "pés no chão" [é, a realidade sempre é menos empolgante do que o plano das idéias; cruel...].

Voltando ao início do texto, vamos à crise que todo esse choque de realidade causou...

O post anterior da produção começou com uma lista imensa de coisas a serem e já feitas, com imenso destaque para as incessantes trocas de emails [porque univesitário é assim, num tem dinheiro pra ligar, então manda email...]; passava por todos os tramites burocráticos aos quais a produção passou para simplesmente "por o projeto em pé"; e terminava com a indicação de que faltavam 51 dias.

Esse texto gerou a maior crise da história deste curta [e quem me dera ter colocado um único exagero ao ter redigido essa frase!]... foram dias longuíssimos, noites mal dormidas, "guerras" por email, satisfações sendo tomadas, cobranças sendo realizadas com mais afinco... enfim, o mais puro desespero em equipe: os patrocínios inexistiam, as contas cresciam, os equipamentos não estavam todos agendados, a equipe não se comunicava de forma satisfatória, os informações não circulavam... Depois de grandes discussões [civilizadas, por favor!] e organização da equipe, tudo parece que "entrou nos eixos"... mas aqueles 51 dias que iniciavam uma contagem regressiva pareciam deixar todos em estado de alerta, como se uma dose de adrenalina fosse jogada em nossa corrente sanguínea a cada 5 minutos [quem me dera estar exagerando de novo!]...

Stress a parte, esse post foi a melhor coisa que aconteceu, pois todos nós "acordamos" e entendemos que era hora de estabelecer novas metas e cumpri-las; era hora de "pôr a mão na massa"! E foi assim que as coisas se encaminharam.

Como podemos ver aqui ao lado direito, conseguimos patrocínio: em dinheiro e em material, como objetos de cena, figurinos e alimentação. Estamos captando recursos ainda, pois até o momento não temos o suficiente, mas podemos produzir o curta na data prevista.

Vamos realizar uma festa de arrecadação de grana: ela acontece amanhã [8/10], no IFCH [Unicamp]. É de vital importância que a festa lote, porque tudo o que não podemos arcar no momento é com prejuízo, por isso, quem teve a coragem [obrigada por isso] de ler o post até aqui, faça um pequenino esforço e vá à festa, o flyer encontra-se dois posts abaixo [conto com você, hein?!].

Estamos com quase todos os equipamentos reservados; falta alguns que estamos esperando resposta do Departamento.
As locações estão fechadas.
A equipe está animada...

Aparentemente tudo parece que vai dar certo, parece.... até a próxima crise...

Porque se tem uma coisa que eu aprendi nesses quase dois anos de Midialogia [Unicamp] e produção, é que crises são inerentes ao processo de produzir; é nossa capacidade de lidar com elas que vai fazer esse curta sair ou não.

E que venham logo os próximos 18 dias...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Um jogo de claro e escuro

Haller é antes de tudo um olhar sobre uma mudança, uma mudança interior que ocorre todos os dias, uma mudança de ponto de vista sobre o mundo, mas antes de tudo sobre si mesmo.

Cecília tem uma visão nebulosa de si e do mundo, nada se encaixa, nada faz sentido, ela não se vê dentro, mas não conhece nada que esteja de fato fora. O filme trata da mudança de Cecília, da forma como ela passa a enxergar as coisas como de repente tudo se encaixa. O olho do espectador é análogo ao olhar de Cecília, ele se vê dentro quando ela se vê dentro, toda frieza se esvai, e não sobra nada além da cólera de Cecília, de sua visão, de sua cegueira.

Numa história onde o olhar é fundamental, a fotografia se sobressai como algo a ser tratatado com cuidado, afinal o olhar se faz à princípio da luz refletida nos objetos da mesma forma que se desfaz nas sombras. Essa luz e esse objeto são elementos centrais para o veredito final do espectador, é nessa escolha que o olhar é direcionado, onde a parcialidade se escancara... você verá o que eu quero que você veja, o que eu deixo você ver... Mas quem é que não direciona seus holofotes, quem não se esconde na pernumbra? Sob roupas escolhidas, sob o silêncio que pauta as palavras medidas, sob a maquiagem que uniformiza todas as possiveis nuances, as possiveis anormalidades da face... A parcialidade não é condenável, mas deve ser observada, admitida. Admito por meio deste texto a minha visão, a nossa visão, a nossa opinião e a nossa cegueira.


terça-feira, 30 de setembro de 2008

Propaganda da revista - Haller


Apostando na sutileza, na unidade, na exatidão, em um padrão rítmico lento e uniforme, trabalhamos muito nesse produto, direcionado à homens firmes e determinados que procuram um momento de calmaria, em que pode baixar a guarda e contemplar ao invés de agir. Dessa forma, o homem que se aproxima de seu auge, depois de um dia e até mesmo de anos de trabalho duro, pode sentar-se frente à lareira, contemplar sua escalada, refletir sobre a efemeridade das brumas, sem se perder em sua subjetividade, assim como o andarilho, que apesar de contemplador, mantêm-se firme em sua postura. Essa é a proposta da cigarrilha Haller.

(Cartaz de puplicidade desenvolvido para a Revista presente no curta-metragem Haller)
* Imagem extraída do quadro " The Wanderer Above the Mists" de Caspar David Friedrich

Haller Fest


Com a participação de StereoGrooves (Deep House) ( confira no link:www.myspace.com/stereogrooves ) , Djunior Maker(Breaks-Funk-Downtempo), Jaula e Felipe Cabeção.
NÃO PERCA!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O teste de atores e o Orgulho da mãe de primeira viagem

“Mas menina, como você cresceu! Quando te conheci, você era só um projetinho de gente!”... Mas que raiva que dava quando uma tia daquelas vinha apertar as minhas bochechas e dizer o quanto eu estava crescida. “Uma mocinha”, dizia, com a maior emoção do mundo, umas chegavam a mostrar indignação com aquilo, como se eu fosse a primeira criança a crescer e me tornar adulta. Ou quase.
E, depois de indubitavelmente adulta, não me param mais na rua para apertar minhas bochechas, enquanto olho as vitrines e nem faço idéia de por onde ando, já que minha mãe segura em minha mão. Agora, as frases do mundo adulto pairam sobre minha cabeça como novidades, mesmo que todos os macacos velhos já estejam carecas de saber. “Fazer esse filme foi como um parto!” diz um diretor num evento qualquer, levando tapinhas nas costas de seus colegas. “É como se fosse meu filho”diz o roteirista, num canto, tomando sua caipirinha. E essas frases nunca fizeram sentido pra mim, e eu me revoltava contra elas com a fúria de quem nunca foi covarde como um adulto que se preze.
Até o dia 13 de agosto. Quando vi minha criança inocente nas mãos de várias pessoas que eu ainda não conhecia (E mesmo as que eu conhecia, que direito tinham elas?), tive a primeira reação de toda mãe de primeira viagem: Ciúme.Exagerando,acho que tive até uma depressão pós parto (ou depressão pós finalização de roteiro, se preferirem). Entretanto, quando reconheci, feliz, os rostos das pessoas que estavam no bar quando a Cecília chega no Happy hour, entendi. Meu menino estava crescendo. Nosso roteiro não era mais aquele projetinho inocente que mudava de rumo assim que nós, suas mães, bem quiséssemos. Ele agora era influenciado pela criatividade e trabalho duro de outras pessoas, e não mais tinha a forma apenas de nossa imaginação, mas das conseqüências da vida (Quais locações serão possíveis? Quais equipamentos estarão disponíveis?).
Depois do ciúme, a emoção. Sim, sim, a clássica emoção que as mães sentem quando percebem que suas filhas têm namoradinhos e seus filhos escondem playboys embaixo da cama. Outras pessoas agora terão, junto comigo, a responsabilidade sobre meu filho. E foi naqueles dias de teste de câmera que, pela primeira vez, vi o roteiro se tornar realidade.
No estúdio do Instituto de Artes, sentada do lado da câmera, vendo os atores. Do meu lado, Raissa super séria olhando pro vídeo. As luzes estão corretas? Lílian, aproveita que você é branca desse jeito e senta ali pra eu balancear o branco da câmera. Ha ha. As meninas da arte tirando fotos e medidas. Os atores.... ah! Os atores. Eu amo essa raça, já disse uma vez Romeu di Sessa.É verdade. Eles são, por um determinado momento, aquelas pessoas que por meses estavam apenas em suas idéias. Existe responsabilidade maior do que essa?
No primeiro dia, fizemos os testes para as pessoas do Bar, e quando o Bernardo começou a falar, eu logo tive certeza de que ele era o cara engraçado do escritório. Quando testamos os atores para policiais, vimos que a morte pode ser encarada de uma forma cômica. (o que nós, maldosas roteiristas, nunca imaginamos). O teste do mendigo foi o mais rico e divertido: um mendigo tarado, um alemão e dois diferentemente malucos entraram em cena. Tive vontade de fazer um filme só com mendigos doidos e tarados.
No segundo dia, a Cecília nos foi apresentada, e foi engraçado conversar com ela tão formal e educadamente: Olá, tudo bom? Meu nome é Lílian, serei sua diretora de elenco. Agora vai lá e mostra o quanto você é sem graça e sem opinião própria. Ha Ha Ha. Tá , eu sei que a Fernandinha não é a Cecília de verdade. Mas pra mim, a Cecília nunca vai deixar de ser uma parte íntima e secreta de todos nós (Caso o leitor se sinta ofendido em ser comparado com a Cecília, fico feliz em discutir essa questão, a qualquer hora, neste mesmo blog).
Quando o Eduardo Bearzoti começou seu teste, eu fechei os olhos e ouvi pela primeira vez o mesmo pai que tinha ouvido todos aqueles meses em minha cabeça: a mesma entonação, a mesma incompreensão, o mesmo marasmo. É, de fato meu roteiro estava tomando corpo.
A Fabi,que faria a mãe da Cecília, veio de São Paulo e acabou se atrasando, quando chegou e eu disse que queria que ela fizesse outra fala que não a que ela vinha ensaiando durante todos os dias anteriores...hahahaha... Mesmo assim, ela fez o teste e mostrou toda a qualidade de seu trabalho e de sua personalidade. Depois do teste, tomamos um café e conversar com ela me fez leve e feliz por todo o trabalho com o Haller.
Assim, eu ainda poderia escrever muito sobre todas as experiências do Haller. Mas vou guardar isso para daqui a uns 50 anos, e quem sabe o leitor me encontre em alguma fila do banco, e eu diga o quanto antigamente era mais feliz, mais bonito e mais difícil. Mas agora, eu ainda estou engatinhando na arte de entender o saudosismo dos pais de primeira viagem.