Quando te disserem que a vida num set de filmagem é uma loucura, acredite: é sério. Mas como eu não sou a nossa profissionalíssima produtora Marusha, é óbvio que não vou falar de stress. A loucura pra mim foi o quanto um grupo de pessoas empenhadas e apaixonadas pelo que fazem podem fazer consigo mesmas em prol de um objetivo. Foi o quanto o sono, a fome, a enxaqueca com sintomas de fotofobia, o cansaço,a dor no corpo, a preocupação não tinham espaço nesses quatro dias. Todo mundo teve que carregar muito equipamento, todo mundo teve que correr e teve que ouvir alguma diretora gritando: ok, gente, concentra, silêncio, etc... (desculpa, gente!).
No primeiro dia, em que gravamos as cenas do escritório, da família pós créditos e as externas do ônibus e da frente da casa, foi um batizado pra mim. Consegui fazer meu primeiro plano seqüência, aprender com meus erros, e o principal: ver a Cecília pela primeira vez. Não é a mesma coisa que nos ensaios: era ela, de fato, em frente à nossa câmera, da forma como pra sempre iremos nos lembrar. Pasmem! A Cecília que dominou nossas vidas desde o começo do ano! Até quando eu e a Raíssa brigávamos, citávamos algum fato da vida da Cecília, como se fosse alguém muito conhecido e muito próximo. E lá estava ela. Tão minha, tão real, palpável e maravilhosa em seus defeitos e em sua evolução pessoal.
No segundo dia, foi mais tranqüilo do que planejávamos já que o cenário, por algumas infelicidades, não chegou para a gravação. Foi o dia das caixas, e o dia da antecipação por parte da galera da fotografia sobre as dificuldades de fazer todas as doideiras que a gente queria do plano seqüência do investigador. Foi a noite maldormida.
Na segunda, foi ótimo. Seguimos a ordem do dia, e os atores são divinérrimos. A Fabi é uma palhaça que nem eu e ríamos de tudo e de nós mesmas, principalmente. Dela, ríamos do cabelo da terceira fase. De mim, do quanto a maquiagem e um bom fotógrafo fez diferença pra foto que eu posei pra capa da revista que a Cecília lê na sala de espera. ( sim, sou eu, hehehe). O Eduardo é apaixonante. Calmo, tranqüilo, sorridente, e extremamente talentoso. Quando eles atuavam, eu sorria como o gato da Alice ao ver as cenas do jantar finalmente acontecendo.( Ah, olhando as minhas fotos de costas vocês podem entender o porquê dessa obsessão pelo gato de Cheshire, né?).
Na terça, o fatídico dia das cenas das investigações, tudo correu bem. Fizemos nossa iluminação maluca, e gravamos tudo aquilo que queríamos. Depois de apenas 17 takes, saímos comemorando, pulando e nos sentindo cinco anos mais velhas e experientes.
Quarta feira acho que dormi umas 24 horas seguidas. Mas me sentia num universo paralelo... quando cheguei em casa de madrugada, tomei banho e deitei, num mundo com muito menos watts do que eu havia me acostumado nos últimos 4 dias... me senti estranha. E feliz.
Quinta feira me lembrei que fazia faculdade. Trabalho pra segunda feira? Como ninguém me disse antes? Sim, me disseram, mas o Haller é um filho único mimado e exigente.
Hoje de manhã (sexta feira), gravamos as cenas do mendigo. Foi imensamente divertido, pois gravamos no centro de Campinas, no calçadão da Treze de maio. As pessoas passavam e não entendiam aquele louco vestido de príncipe falando uma língua esquisita e aquela moça de Sobretudo ( debaixo de um sol de 30 graus) e batom vermelho. Mas chamaram tanto a atenção que a câmera passou desapercebida. O Haller oficialmente termina suas gravações. E quando a Fernanda foi embora, fiquei super triste porque ela além de MUITO talentosa, é muito tranqüila e totalmente firme na hora de trabalhar. Ela fez a Cecília que desejávamos, e nunca vamos poder agradecer o suficiente por isso.
Nesses quatro dias, percebi o quanto não estava sozinha. Vi como se pode chegar longe quando se tem amigos. Sinto que dificilmente vou ter uma equipe tão solidária, solícita, profissional e apaixonada como esta. Nunca seria possível termos tanta organização e profissionalismo se não tivéssemos a Marusha ( que pra mim, é Deus no céu e Maru na Terra, nos dando bronca e nos colocando na linha). A equipe da arte que bolou toda a proposta com total liberdade de criação e que em matéria nenhuma nos desapontou. A equipe da elétrica, que tava sempre ali e fazia tudo o que era preciso, sem problematizar nada. A equipe do som, os meninos mais calmos, detalhistas e engraçados do mundo. A produção de set, que segurou todos os imprevistos que apareciam,a Stellinha da continuidade, super fofa sempre, Carol do making off sempre calma e agradável.... e todos os assistentes, que deixavam tudo mais engraçado e leve.
E todo mundo fica rindo da pobrezinha da Raíssa só porque ela ligou pra uma pessoa que estava na casa dela junto com ela, mas tenho mais de uma testemunha que pode afirmar que todo mundo deu uma surtada maluca durante as gravações. Eu mesma mandava uma pessoa fazer a mesma coisa mil vezes, a Juliana ( produtora de arte) chutou o copo da cena final umas três vezes, o Léo ( diretor de som) esquecia da vida e ficava conversando com o ator depois que arrumava o lapela....
Foi duro. Mas aconteceu e eu não sou mais a mesma depois de tudo isso. Obrigado a todos que nos ajudaram a tornar o Haller possível, e desculpas à equipe os momentos de nervosismo e tensão. Nunca vou conseguir agradecer a todos pelo que possibilitaram ao nosso curta metragem.
Entendi o que as pessoas dizem com “dar valor às coisas pequenas”. Quando eu sentava pra comer minha marmita ou meu lanche (valeu patrocinadores!), era o céu. Quando eu tinha dez minutos enquanto os atores maquiavam pra sentar com a Raíssa e fumar uma cigarrilha ( Haller, of course, hehehe), era o céu. Quando eu deitava no colchão da casa dela pra dormir 4 horas, era o céu. E percebi o quanto prazeres infantis ficam saborosos quando estamos ocupados e responsáveis com um projeto tão grande: a desprodução da cena das caixas foi super divertida, me lembrei de quando tinha 5 anos e brincava com qualquer porcaria no quintal da casa da minha vó. O quanto um erro de fala, embora desesperador, pode ser hilário, e vi que a vida pode ser trabalhosa e feliz ao mesmo tempo, como nesses dias de filmagem.
No primeiro dia, em que gravamos as cenas do escritório, da família pós créditos e as externas do ônibus e da frente da casa, foi um batizado pra mim. Consegui fazer meu primeiro plano seqüência, aprender com meus erros, e o principal: ver a Cecília pela primeira vez. Não é a mesma coisa que nos ensaios: era ela, de fato, em frente à nossa câmera, da forma como pra sempre iremos nos lembrar. Pasmem! A Cecília que dominou nossas vidas desde o começo do ano! Até quando eu e a Raíssa brigávamos, citávamos algum fato da vida da Cecília, como se fosse alguém muito conhecido e muito próximo. E lá estava ela. Tão minha, tão real, palpável e maravilhosa em seus defeitos e em sua evolução pessoal.
No segundo dia, foi mais tranqüilo do que planejávamos já que o cenário, por algumas infelicidades, não chegou para a gravação. Foi o dia das caixas, e o dia da antecipação por parte da galera da fotografia sobre as dificuldades de fazer todas as doideiras que a gente queria do plano seqüência do investigador. Foi a noite maldormida.
Na segunda, foi ótimo. Seguimos a ordem do dia, e os atores são divinérrimos. A Fabi é uma palhaça que nem eu e ríamos de tudo e de nós mesmas, principalmente. Dela, ríamos do cabelo da terceira fase. De mim, do quanto a maquiagem e um bom fotógrafo fez diferença pra foto que eu posei pra capa da revista que a Cecília lê na sala de espera. ( sim, sou eu, hehehe). O Eduardo é apaixonante. Calmo, tranqüilo, sorridente, e extremamente talentoso. Quando eles atuavam, eu sorria como o gato da Alice ao ver as cenas do jantar finalmente acontecendo.( Ah, olhando as minhas fotos de costas vocês podem entender o porquê dessa obsessão pelo gato de Cheshire, né?).
Na terça, o fatídico dia das cenas das investigações, tudo correu bem. Fizemos nossa iluminação maluca, e gravamos tudo aquilo que queríamos. Depois de apenas 17 takes, saímos comemorando, pulando e nos sentindo cinco anos mais velhas e experientes.
Quarta feira acho que dormi umas 24 horas seguidas. Mas me sentia num universo paralelo... quando cheguei em casa de madrugada, tomei banho e deitei, num mundo com muito menos watts do que eu havia me acostumado nos últimos 4 dias... me senti estranha. E feliz.
Quinta feira me lembrei que fazia faculdade. Trabalho pra segunda feira? Como ninguém me disse antes? Sim, me disseram, mas o Haller é um filho único mimado e exigente.
Hoje de manhã (sexta feira), gravamos as cenas do mendigo. Foi imensamente divertido, pois gravamos no centro de Campinas, no calçadão da Treze de maio. As pessoas passavam e não entendiam aquele louco vestido de príncipe falando uma língua esquisita e aquela moça de Sobretudo ( debaixo de um sol de 30 graus) e batom vermelho. Mas chamaram tanto a atenção que a câmera passou desapercebida. O Haller oficialmente termina suas gravações. E quando a Fernanda foi embora, fiquei super triste porque ela além de MUITO talentosa, é muito tranqüila e totalmente firme na hora de trabalhar. Ela fez a Cecília que desejávamos, e nunca vamos poder agradecer o suficiente por isso.
Nesses quatro dias, percebi o quanto não estava sozinha. Vi como se pode chegar longe quando se tem amigos. Sinto que dificilmente vou ter uma equipe tão solidária, solícita, profissional e apaixonada como esta. Nunca seria possível termos tanta organização e profissionalismo se não tivéssemos a Marusha ( que pra mim, é Deus no céu e Maru na Terra, nos dando bronca e nos colocando na linha). A equipe da arte que bolou toda a proposta com total liberdade de criação e que em matéria nenhuma nos desapontou. A equipe da elétrica, que tava sempre ali e fazia tudo o que era preciso, sem problematizar nada. A equipe do som, os meninos mais calmos, detalhistas e engraçados do mundo. A produção de set, que segurou todos os imprevistos que apareciam,a Stellinha da continuidade, super fofa sempre, Carol do making off sempre calma e agradável.... e todos os assistentes, que deixavam tudo mais engraçado e leve.
E todo mundo fica rindo da pobrezinha da Raíssa só porque ela ligou pra uma pessoa que estava na casa dela junto com ela, mas tenho mais de uma testemunha que pode afirmar que todo mundo deu uma surtada maluca durante as gravações. Eu mesma mandava uma pessoa fazer a mesma coisa mil vezes, a Juliana ( produtora de arte) chutou o copo da cena final umas três vezes, o Léo ( diretor de som) esquecia da vida e ficava conversando com o ator depois que arrumava o lapela....
Foi duro. Mas aconteceu e eu não sou mais a mesma depois de tudo isso. Obrigado a todos que nos ajudaram a tornar o Haller possível, e desculpas à equipe os momentos de nervosismo e tensão. Nunca vou conseguir agradecer a todos pelo que possibilitaram ao nosso curta metragem.
Entendi o que as pessoas dizem com “dar valor às coisas pequenas”. Quando eu sentava pra comer minha marmita ou meu lanche (valeu patrocinadores!), era o céu. Quando eu tinha dez minutos enquanto os atores maquiavam pra sentar com a Raíssa e fumar uma cigarrilha ( Haller, of course, hehehe), era o céu. Quando eu deitava no colchão da casa dela pra dormir 4 horas, era o céu. E percebi o quanto prazeres infantis ficam saborosos quando estamos ocupados e responsáveis com um projeto tão grande: a desprodução da cena das caixas foi super divertida, me lembrei de quando tinha 5 anos e brincava com qualquer porcaria no quintal da casa da minha vó. O quanto um erro de fala, embora desesperador, pode ser hilário, e vi que a vida pode ser trabalhosa e feliz ao mesmo tempo, como nesses dias de filmagem.
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